top of page

          Já imaginou ter a oportunidade de morar em Orlando, na Flórida, e trabalhar em um dos maiores parques temáticos do mundo durante dez semanas? É o que Aleiuton Betta (21) está fazendo pela segunda vez.

          De novembro de 2015 a janeiro de 2016 ele participou do Disney International College Program, que é um programa da Disney que contrata brasileiros para trabalhar nos parques durante as férias de verão do Brasil.

          O processo seletivo para escolher os brasileiros que irão trabalhar lá é longo e geralmente começa no mês de maio. Os pré-requisitos para participar da seleção são: ser maior de idade, saber falar inglês e ter condições de pagar todas as taxas para a viagem. A escolha dos participantes funciona em duas etapas: a primeira é uma palestra seguida de uma entrevista com alguns funcionários da STB (Student Travel Bureau - uma agência de intercâmbio, viagens, estudos e trabalho no exterior). Essa primeira etapa acontece nas cidades de São Paulo, Rio de Janeiro, Porto Alegre e Belo Horizonte.

          A segunda etapa é outra palestra seguida de mais uma entrevista em São Paulo para todos que já passaram da primeira parte da seleção. Dessa vez quem faz a entrevista é uma equipe de recrutamento da Disney.

          Quem é selecionado nessa segunda etapa, já pode começar a se preparar para a viagem: providenciar o visto, a passagem aérea e o seguro saúde, que são as únicas coisas pagas pelos próprios selecionados do programa, além de uma taxa de 200 dólares.

          Ao chegar em Orlando, Aleiuton morou durante as dez semanas no condomínio da própria Disney, onde pagava o aluguel que, de acordo com ele, já vinha descontado na sua folha de pagamento.

          Nos parques, ele trabalhava nas lojas como vendedor e recebia o salário de acordo com as horas trabalhadas: cerca de 40 horas semanais que variavam entre os períodos da manhã, tarde e noite e podiam ser complementadas com horas extras durante os dias de folga. Tudo isso era contabilizado e acompanhado por meio de uma plataforma online concedida aos funcionários temporários.

Aleiuton durante sua primeira viagem à trabalho em Orlando

(Fotos: arquivo pessoal)

          Aleiuton dividia o apartamento com um brasileiro e quatro chineses. Ele conta que no início foi muito difícil conviver com os colegas. “Os hábitos de higiene e limpeza dos chineses são muito diferentes dos nossos. Eles tinham o costume de lavar as roupas na banheira”, conta.             Depois de um tempo, ele mudou de apartamento e passou a morar com um australiano, um neozelandês, um norueguês e um brasileiro, e conta que eles eram mais higiênicos e regrados.

          Atualmente ele está participando de outro programa, o International Super Greeter, que acontece durante as férias de inverno do Brasil e dura cerca de três meses. Desta vez ele trabalha exclusivamente auxiliando turistas brasileiros nos parques e resorts da Disney e divide um apartamento de duas suítes, cozinha, sala, despensa e sacada com três indianos.

          Aleiuton conta que em Orlando a comida mais barata e fácil de encontrar é a pizza e por isso as pessoas de lá comem isso diariamente. “Os vegetais aqui são bem diferentes dos nossos, a batata doce é alaranjada e a banana não tem o mesmo gosto da que a gente come no Brasil”, afirma. “Eles também comem muito chocolate porque aqui tem muita variedade e as bebidas vêm em embalagens maiores, eles bebem muito refrigerante, tipo, até não aguentar mais.”

          A cidade é muito latina. Tem pessoas que são bilíngues e falam espanhol e inglês e tem outras que moram há muito tempo em Orlando mas falam apenas espanhol. “Em qualquer lugar que você vai tem muito brasileiro, argentino, porto-riquenho… Dá pra se virar muito bem sem saber falar inglês”, conta Aleiuton. “O clima é bem úmido. No inverno não neva, dá até pra usar bermuda, e o verão é insuportável, é muito, muito quente.”

“Sim, as pessoas daqui bebem água quente”

          Ketlyn Ribeiro (18) não se contentou em apenas ir viajar para fora do país. Há um mês ela deixou sua família em Guareí, interior de São Paulo, e foi trabalhar do outro lado do mundo, em Wuhan, província de Hubei, na China (que está em 25º lugar no ranking do Ministério das Relações Exteriores do Brasil, com cerca de 11.600 brasileiros vivendo por lá).

          A ideia surgiu de um primo de Ketlyn que morava lá há mais de um ano e trabalhava como chefe de panificação. “A ideia principal de vir pra cá sempre foi para trabalhar na padaria, para dar um ar diferente, pra ter um rosto diferente por aqui”, afirma Ketlyn.

          Ela mora em um condomínio que a própria empresa onde ela trabalha oferece. No apartamento moram ela, o primo e outro rapaz que viajou para a China junto com ela. No mesmo condomínio moram outros funcionários da empresa que são de outros estados mas vivem em Wuhan por causa do emprego. A China possui uma tradição de que quando o filho completa 18 anos ele deve sair da casa dos pais, por isso é normal jovens mudarem de cidade para trabalhar e estudar.

          Ela conta que a maior dificuldade tem sido a comunicação. Logo que chegou em Wuhan, ela já iniciou aulas de mandarim com uma professora particular que também fala inglês. O problema é que Ketlyn não sabia falar inglês também, que é a língua padrão falada em todos os países e pela qual a maioria dos turistas se comunica quando vai para Wuhan. “Minha sorte é que tenho um colega que já morava aqui e sabe falar inglês, então ele vai traduzindo a aula pra gente”, conta. “Eu vim pra cá sem saber dizer nem um ‘obrigada’ em mandarim (risos) e vale ressaltar que é difícil, eles tem muitos tons nas pronúncias e então torna-se muito difícil de conseguir dizer algo 100% certo nas primeiras vezes.”

          Ela conta que para se comunicar no dia-a-dia, usa muitos gestos e pequenas palavras básicas que já aprendeu nas aulas particulares, além de um aplicativo chinês de tradução chamado Youdao. “É o máximo porque eles querem muito aprender as coisas também e isso facilita. Eles são pessoas muito inteligentes, se você ensina algo a eles, eles ficam com isso na cabeça… se eu desafiasse eles a aprenderem português, tenho certeza que aprenderiam (risos)”, conta.

Ela afirma que apesar das dificuldades do dia-a-dia, a adaptação tem sido mais fácil do que ela imaginava. Mas vale ressaltar que Ketlyn viajou com tudo encaminhado e com pessoas que auxiliam ela o tempo todo, e isso acaba facilitando muito mais sua estadia na China.

Pela manhã Ketlyn faz suas aulas de mandarim, durante a tarde ela trabalha na panificadora do seu primo e sempre que pode ela passeia pela cidade, que é uma das maiores da China, com mais de 10

Alguns dos pratos compartilhados por Ketlyn em suas redes sociais.

          Água e alimentos gelados, como o sorvete, são raridade por lá. “Os jovens até tomam água gelada, mas as pessoas mais velhas detestam, eles acreditam que coisas geladas que ingerimos fazem mal pra saúde”, conta Ketlyn. “Nos bebedouros do Brasil a gente encontra água natural e gelada, aqui só tem água natural ou quente. Sim, eles bebem água quente (risos).”

          Na hora das refeições os chineses têm algumas manias diferentes das nossas também. Por exemplo, Ketlyn conta que na hora do almoço, no refeitório da empresa, se ela estiver sentada sozinha em uma mesa e chegar outra pessoa, essa pessoa vai sentar na mesma mesa que ela, independentemente se elas se conhecem ou não ou se todas as outras mesas estão vazias.

          A cada 90 dias, Ketlyn tem que sair da cidade, isso é uma exigência para que o visto dela seja válido durante todo o ano em que ela pode ficar em Wuhan. Portanto, ela conta que a cada 3 meses fará uma viagem à Hong Kong, Macau ou à alguma cidade próxima.

Dicas para quem pretende trabalhar no exterior*

milhões de habitantes e fuso-horário de 11 horas a mais do que no Brasil.

          A poluição em Wuhan também é uma dificuldade. Ela é muito maior do que a existente em cidades brasileiras como São Paulo. “Por esses meses aqui está bem quente e a poluição piora um pouco o clima”, afirma. “Mas estou me acostumando e já me preparando para o inverno, me falaram que é de doer.”

          A alimentação não tem sido uma grande dificuldade para Ketlyn. Ela conta que a comida lá é muito apimentada, já que Wuhan é conhecida como a cidade da pimenta, mas que as pessoas têm a opção de pedir para que os pratos sejam servidos sem ela. Os moradores locais costumam comer muita sopa, macarrão e carne de pato, e tudo sem sal.

1

          Aprenda a língua-mãe do país para o qual você vai. Isso é imprescindível, inclusive, a hora de procurar por uma vaga no exterior. Essa é a primeira providência a ser tomada por quem quer morar e trabalhar em outro país.

​

          Tenha um currículo virtual. Aproveite aplicativos, sites e ferramentas e crie um currículo ou um portfólio para apresentar ao seu futuro empregador. Só assim ele vai conhecer suas qualificações.

​

          Aprenda os costumes do país no qual você deseja trabalhar. Isso pode te ajudar a se dar melhor com as pessoas, com a cultura do local e com a vivência do dia-a-dia.

​

          Seja flexível e adaptável. Seu cotidiano só será saudável e proveitoso se você souber se adaptar e se flexibilizar ao que lhe é ofertado. Os empregos no exterior podem não ser o que você espera, por isso ser flexível e ter paciência são as chaves para o sucesso.

​

          Procure por estágios virtuais. Eles são uma ótima oportunidade para mostrar os seus serviços às empresas em que você pretende trabalhar. Invista mesmo que não tenha nenhum retorno financeiro inicial, valerá muito à pena.

​

          Conheça as empresas que contratam estrangeiros. Pesquisar sobre elas com certeza te ajudará na hora da entrevista. Além disso, busque conhecer outros profissionais da sua área, isso também pode abrir portas para futuros empregos.

​

          Use as redes sociais ao seu favor. Faça contato virtual com pessoas do país no qual você pretende trabalhar, peça ajuda no que precisar, dicar, indicações, etc. Invista e monte um network super eficiente!

​

*Fonte: Catraca Livre

2

3

4

5

6

7

“Aqui a batata doce é alaranjada”

Mais de 3 milhões de brasileiros já provaram que quando a vontade de viver fora do país é muito grande, não existe zona de conforto capaz de impedir que esse sonho se torne realidade.

ATÉ LOGO,

BRASIL!

About & Subscribe

Reportagem: Jéssica Ramiro Pereira

jessicaramiro16@gmail.com

         

          Viajar para fora do Brasil é o sonho de muitos brasileiros. Em busca de uma vida nova e de condições melhores de vida, muita gente está deixando o seu país de origem para trabalhar ou estudar. Adquirir novas experiências e conhecer culturas e povos diferentes são algumas das vantagens em sair da zona de conforto e se aventurar em um país desconhecido.

          Em 2013, o Ministério das Relações Exteriores do Brasil divulgou o ranking de brasileiros pelo mundo. De acordo com a listagem, cerca de 3,09 milhões brasileiros moram fora do seu país natal.

          Os Estados Unidos, com mais de um milhão de brasileiros, está em primeiro lugar neste ranking, deixando para trás países como Argentina, Venezuela, Uruguai, Bolívia, Guiana, Guiana Francesa e Chile que são os países mais próximos do Brasil inclusos nessa lista. O Paraguai ficou em segundo lugar, com mais de 450 mil brasileiros, seguido do Reino Unido, em terceiro, com 350 mil.

          Este ranking tem como base a apuração feita por consulados e embaixadas no ano de 2010 e mapeou os 30 países onde mais existiam brasileiros vivendo. O número apurado pelo Ministério das Relações Exteriores do Brasil é diferente do número de 500 mil brasileiros fora do país estimado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), que reconhece que existem dificuldades para realizar uma apuração mais precisa.

          Aleiuton é estudante de Matemática aqui no Brasil e teve que adiantar algumas provas e reduzir o número de disciplinas dos semestres para poder fazer os dois programas de trabalho no exterior. Ele afirma que também gostaria de poder estudar fora do país mas que durante os programas não é possível por conta do visto temporário.

          E sobre a saudade de casa ele diz que não sente muito, não. “Eu me sinto até meio mal com isso (risos) mas é que é tudo tão intenso, as pessoas aqui estão todas longe dos seus amigos e familiares e isso transforma todos nós em uma família”, afirma. “E aqui também tem mercados com comida brasileira, tipo leite condensado, doce de leite, paçoca… e também tem um restaurante de buffet brasileiro que é bem gostoso, então é super tranquilo.”

bottom of page